segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

há tempo

afundo em mais compromissos
horários, encontros e luzes da cidade
tudo para parecer estar assim omisso
e esconder que estou morrendo de saudade

pare o meu tempo
segure-me em suas mãos
fica mais lento, lento. Lento...
acalma o meu coração

domingo, 20 de novembro de 2011

uma nova valsa

Eu não sei se...
as estrelas estão assim muito perto
ou se o céu fica aqui tão próximo
quando eu olho para você

Luzes que há tempos não via
em um sorriso que encanta
a pele quente, um frio por dentro
e as mãos apertadas para não se perder

Acho que não reparei, mas...
jurava que você não estava usando sapatos
aquela noite era toda leve e descalça
esqueça todas essas minhas palavras e...

você aceita dançar comigo esta noite?

busca

por mais que o tempo passe
eu continuo ficando um pouco sem graça
quando encontro com você
quando falo com você

é porque não encontrei um jeito
de disfarçar o quanto me desconcerta
quando penso em você
quando sinto em você

que ainda não acabou
e nós podemos começar


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Até...

Não conseguia mais suportar o meu coração debatendo-se entre meus pulmões e deixando-me com dificuldades para respirar. Minhas mãos nervosas escondidas dentro dos bolsos segurando minhas pernas que tremiam e apenas caminhavam enquanto as palavras saíam sem muitos filtros, mas puxadas pela linha da coerência de uma primeira conversa entre novos conhecidos.

eu já estava acompanhado
e, curiosa ironia
ser a minha companhia
quem me entrega tal fardo
já sabia, não devia
ah, como eu queria
e não deveríamos ter parado

As palavras fluíram junto com os passos. Paramos, ficamos muito próximos... isso não ia dar certo... ou iria, só que de uma maneira errada. Ou apenas de um jeito que eu não consegui pensar, pois minha cabeça já estava explodindo com os agudos das guitarras distorcidas e meu peito já estava no mesmo ritmo daquela bateria com pedal duplo. E eu preciso encontrar com... ah... umas... não! Uma, ela está sozinha. Com uma amiga minha que está só e... hum... eu acabei esquecendo... e ela está do lado de lá... porque... por quê? Ela foi comprar alguma coisa para comer e estava na fila e eu saí... e... agora estou em outra fila... e preciso ir... e... eu volto. Até logo!

assim não foi bem o que eu quis
o outro lugar era apenas a distância
qualquer coisa para acalmar minha ânsia
e livrar-me da culpa do que não fiz
até breve, logo, mais, sem esperança
quem sabe não acontece alguma mudança?
e eu volto a te ver, feliz



(...)



As pessoas deveriam saber que "não são apenas nossas características, mas as escolhas que fazemos que nos tornam quem somos". O mal se engendra no pensamento, mas só se realiza no precipitar de um ato. Mais valor tem o mal que faz o bem do que o seu contrário. O mal que faz o bem nunca será um mal.


Resolveu terminar nosso monólogo?
Sim. Você sabe, eu não poderia admitir que era eu desde o início.

Foto: França, 2011.

monodialogado.

Há certas coisas que não devem ser ditas, pois há certas coisas que poucos podem compreender. Repita e repita até se convencer.


- Por que você pensa que não pode chorar, que sentir sozinho é mais seguro? Porque você é sempre assim, tão fechado?

- Porque nos meus segredos há abismos, e admiti-los é se deixar cair por eles. O sentir sozinho é a questão; Nem o sentir, nem a solidão.

- Eu acho que você deveria tornar público, essas coisas que te atormentam.

- Você não entendeu nada? Eu estou tornando público desde o início! É esse o ponto: você, o mundo, nada entender.

- Entendo que o seu atraso foi uma farsa para evitar aquelas lágrimas, mas por que evitá-las? Eu não me importaria em senti-las.

- Mas eu sim, porque senti-las dói sempre em mim.

(...)

you can,

---

Eu posso transformar palavras em sonhos, eu posso vendê-los (os sonhos), eu posso acendê-los (os compradores).

---

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

(sem titulo)

Desacostumei.
É verdade, pura falta de costume. Há quem ache pecado, há quem glorifique, eu apenas desacostumei. Não acredito que esse "descostume" possa me levar muitas coisas, ou me trazer outras. A mudança de costume vem do ventre, que nem tenho, mas não deixaria de usar tal figura por uma simples constituição anatômica. Ainda acredito que posso me desacostumar do não ter qualquer-coisa que por ventura não me pertença. Há pertencimentos afinal?
Desacostumei.

sábado, 15 de outubro de 2011

Vem?

mesmo com medo de quem você seja
eu peço para que não solte minha mão
ainda confusas, deixe palavras sinceras
para que eu consiga voltar ao seu coração
a cabeça ainda grita bem forte "cuidado!"
para não ficar trancado em triste ilusão
porque pode ser só uma cobertura doce
que esconde no fundo a temida prisão.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

encanto quebrado

ex, traga
e leve
a dor...a dó
com essa
mala. Bares,
bebe de ira
chora de ira
Sim... será? Mente!
Nega? Vá!
quer... ia...

Em canto
que brado.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

mi rayo del sol





al final del día tu tienes que ir
y debemos aprovechar cada minuto
sin preocuparnos por la partida
aunque la noche trae la despedida


adormece leve, sem preocupações na alma
não me espere com o pessimismo do anoitecer
cubra-se com amor para ter o peito aquecido
e, antes de ir embora, lembre-se do meu pedido

brilha, raio de sol. Ilumina, segue quente
vive hoje, sem saudades. a manhã é a gente

mi rayo del sol
tu me haces tan feliz
yo estoy calenteado en tu corazón



terça-feira, 6 de setembro de 2011

azedo

daquilo que não tenho
nos amantes que procuras
sei que nunca vou poder ter
e nem poder dar

e do que tenho,
queres pouco
às vezes, nem mesmo o toque
além do rosto e do olhar

não consegues dizer uma palavra
mas isso não é culpa minha

culpa minha é fingir que não vejo
que eu na sua cama
sou suor azedo.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

usmininu

Não te quero só pra mim,

Nem nunca serei só seu.


nunca quis promessas

só no peito tesão, carinho, lugar

meninos, sonhos, cangote

zimbigo,zumzum, furico

dedo-no-seu

toque, cabelo, olho

riso, pelo, suor


cama, chão, lençol

noite, ronco, cueca

cafofo, sincero, sentir

gozo, três, quereres

vinho, sincero, pileque.


Só essas coisas

Cheias de musica

daquilo que não dizemos o nome

maré e sal


só quero de volta,

no peito desse menino

um lugar

pra eu fugir

quando me sentir perdido


prusmininus não morrerem

nem sem se perderem num tempo

que já não existe mais.

sábado, 27 de agosto de 2011

estrada


estrelas, prédios, postes
todas as luzes confundem-se
e podemos brincar com os sentidos

---...---...---...---...---...---...---...---...---

chuva distorcendo tudo no vidro
a noite cobriu o que podia da lua
e você mistura tudo de novo em mim


25 de outubro de 2009, Baú

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ecos do momento


um tormento 
em movimento
quando sento
e sinto seu silêncio 
(e não consigo disfarçar)


é imenso
bem que tento
mas meu tempo
já não é lento
e endureci feito cimento

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

platônico



eu quero você, distante
longe de mim, intocável
delicada en-com-e-nda


o mito real perde o encanto
de quando era só uma lenda

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

vermelho



saudade que dói, oi, dói
que pula assim, tóin, tóin
saudade que cresce e invade meu peito
a lembrança corrói em mim

o tempo foi mau, oi, tchau
trabalho que é meu rival
aperta-me linha vermelha
que muito espero o seu sinal

vermelho de ter calor
vermelho da nossa cor
vermelho que envolve, acolhe e chora
vermelho de muito amor

memórias que tenho aqui
e muito que sou em mim
eu sei, agradeço, porém eu reclamo
que quero você, enfim.


sábado, 30 de julho de 2011

I'm a stranger here



that is not my town, I feel it colder
you said it will change when I get older
your voice still echoes over the empty streets
and I'm a stranger when you're not with me



quarta-feira, 27 de julho de 2011

escorregando

..
eu
juro
eu tento
queria dizer
ou até melhor
conseguir quebrar
as batidas de silêncio
que pulsam em meu peito
enquanto minha língua grita
em você/ para você/ com você
já estou descendo todo meu caminho
quando sinto sua pele em minhas mãos
elas perdem-se de mim muito rapidamente
como se escorregassem em veludo sem ter fim
e eu gostaria muito de poder ajudar você até aqui
porém as suas mãos não estão me deixando respirar
enquanto escorrego deliciosamente pelo meu coração
.

sábado, 16 de julho de 2011

Voltas de quando voltas

Oi, tudo bem?
Oi! Tudo ótimo e com você?
Tudo bem também. Mas, então, me conte como você está...
Ah... eu estou bem e você o que tem feito?
Estou tranquilo... tem tempo que não nos falamos, não é?
Pois, é faz muito tempo que não nos vemos...
Sim, desde a última vez que...
Muitas novidades?
Nem... ando bastante ocupado... trabalho e...
É... sempre o trabalho...
Pois é...
E as coisas... estão bem?
Ahn... sim, no geral está tudo ok. E você?
Bem, eu não tenho feito muitas coisas, você sabe... eu viajei... voltei por agora... continuo estudando...
Sim, é... eu soube quando você voltou e...
Eu sempre tenho escutado sobre você... mesmo durante a viagem, eu...
É... tenho feito algumas coisas, saído um pouco... não vivo só no trabalho...
Que bom, não é... mas...está... tudo bem com você então... você parece ótimo!
Sim, sim, está tudo... bem. Você parece bem também... voltou... diferente.
Você achou? Sério? Talvez... esteja certo. Acho que passar um tempo fora, longe de tudo, me fez bem.
Ah, sim. Sempre faz... é... bom...
Sim, foi ótimo, mas uma hora a gente tem que voltar e...
É verdade...
É... foi bom para passear... mas viver lá... eu não me acostumaria.
Ah, claro... foi mais para curtir, passar um tempo.
Isso! Um tempo... era o que eu precisava, sabe?
Sei... todos nós precisamos de um tempo às vezes...
É... um tempo... foi bom. Mas, sei lá...
Sei lá...?
Já estava ficando com saudades...
É normal...
É...
Mas, sim... ahn... me conte sobre você...
Eu...
Me conte, como você está, como vão as coisas?
É... eu estou bem... estou bem. E você?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

sorriso

O dia amanhece em um sorriso. Não se sabe se de alegria ou se é apenas mais uma forma de acordar o corpo, os músculos, os ossos. O sorriso. Indpendente de sua causa, contém em si a pura função de re-iluminar o dia, de refletir um desejo de que as coisas vão ficar bem, de que esse é o lugar mais confortável que existe naquele momento.

my place


well... I
can't deny that I'm missing you
so deep in my heart there's a place
we can sit to look at stars


and it's where I hide 
that I've always loved you

quinta-feira, 23 de junho de 2011

a hora


os sentimentos resolvem trancar-se no coração
todos de uma vez só
por um tempo parecemos vazios
e seguimos calados com tudo guardado
enquanto o peito grita querendo espaço
e o coração queima com tanto sentir
até chegar
.

sábado, 21 de maio de 2011

"I'll Try Anything Once"



a música começou a tocar
sim, esta é aquela música
você pegou em minha mão
e trouxe ela para perto do seu peito


"eu adoro essa música"
não era bem harmonioso
estamos nos conhecendo melhor
alguns medos e desafios grandes


"eu também"
mas você me acalma
perco as palavras
conseguimos nos entender
e eu me sinto tão bem


"Why not try it all,
if you only remember it once"
.

domingo, 8 de maio de 2011

inquieto


poderia dizer que foi uma busca
só, parado, para estar aqui e também fora
as palavras apenas tentaram aliviar um pouco
todos os pensamentos debatendo-se e querendo ir

embora eu queira ficar
embora não tenha espaço
embora você continue a olhar
e eu já não sei bem o que faço

onde está você agora
onde eu já estou há horas

onde estamos
ainda molha...


quarta-feira, 4 de maio de 2011

nublado


Eu subo rápido demais e quando vejo eu já me precipitei no asfalto. É por isso que eu prefiro continuar lá no alto, seguro. Mas eu preciso ser parte, estar com, cuidar de e crescer. É a minha necessidade de ser vida, morrendo um pouco após cada ciclo. Então eu continuo me precipitando, e sem arrependimento, mesmo que para sentir apenas o impacto.


domingo, 24 de abril de 2011

(já na porta do taxi)

-um só minuto! você está pronto?
-pronto?
-sim. é muito sangue, é muito. jorra.
-como assim sangue? do que você fala?
-está pronto?
-eu preciso saber para quê, de quê? você poderia me dar um "quê" sequer?
-eu posso te dar sangue, entenda.
...

(ao dar partida o táxi, o vidro traseiro se abre)

-estou pronto.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

urbano



a cidade é pequena para tantos passos
e não há lugar seguro para sinceridade
existe um caminho longo de terra batida
e no coração uma tentativa de concreto
que em nada ajuda, além de endurecer
e provavelmente estaria tudo asfaltado
se não fosse um sentimento que não sei



segunda-feira, 11 de abril de 2011

não sei


hum... não sei se você sabe
mas enquanto eu não sei
saiba que o que eu quero
é apenas saber o quanto
você sabe que eu gosto
de saber que você quer

sim, sim, nós dois sabemos e
mais nada precisamos saber
além do que quero que saiba
para você poder dizer "eu sei"


domingo, 10 de abril de 2011

carta para a segunda letra


eu não odeio você

este não é mais um dos meus jogos de palavras feitos para encantar. ou até mesmo um daqueles feito para perder-lhe. eles nunca deram muito certo e funcionavam de forma inversa, como prisão.

não entendo a sua raiva, compreendo sua paixão, aceito sua fúria, e desprezo sua comunicação. acredito que suas respostas prontas de folhetim fazem muito mais sentido agora em uma revelada alma carente. nenhum afeto será suficiente enquanto preferir o conforto de um abraço em amargura.

não tenho fôlego para gritar e de nada adiantaria contra seus ouvidos repletos de ressentimento. eu só não gostaria de continuar a ver você afogando-se em ódio. por isso, gostaria de deixar claro.

para odiar eu precisaria amar muito.
e eu não amo você.

domingo, 3 de abril de 2011

stepladder


I can walk and talk for hours
but my heart will never land
words won't climb that strange stepladder
but I've tried it with my hands

words can't tell you what I'm talking
but I've tried it with my hands

words won't let me know about your heart
and I'll find another way.

quarta-feira, 23 de março de 2011

apenas um rei

-

Eu construí castelos.
Eu cultivei inúmeras rosas.
Guardei o melhor de todos os vinhos,
E transformei poesias em prosas.




Para a minha princesa que jaz aqui morta.

terça-feira, 15 de março de 2011

Vícios & Virtudes



Vícios
: Onde você está indo?

Virtudes: Tomar um café.

Vícios: Mas ainda não é de manhã.

Virtudes: Eu nunca espero pelo dia.

Vícios: Posso ir com você?

Virtudes: Você gosta de café?

Vícios: Não, mas eu gosto da sua companhia.

Virtudes: Obrigada, venha comigo.

Vícios: Um café, por favor.

Atendente: Não havia mais alguém com você?

Vícios: Não, estou sozinho outra vez.




quinta-feira, 10 de março de 2011

fronteira


seus olhos são divertidos
tentam correr e escorregam
bochechas sobem para amparar
e eles ficam na ponta dos pés
levemente trêmulos e inseguros
abrem-se em sua totalidade
e ficam praticamente nus
cobertos por uma  lágrima
transparente, brilhante e frágil
insuficiente para protegê-los
e o bastante para render-me
mantém presos os meus olhos



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

a pena

De repente cai o nível. Sim, acontece com qualquer pessoa. Eu me sinto um imbecil. É, aquela coisa de disco riscado, estou repetindo tudo que te digo a todo momento e você nem se deu conta que não há mudança nem do tempo verbal. Me deixe, mas largue essa ferida aí, ela é tão velha, me deixe esquecer. O nível parece que nunca vai parar de cair, queria te pedir, de todo meu sentimento, para deixar essa ferida parada, ela precisa ser uma cicatriz, eu amo tanto as cicatrizes, sim, logo eu que não consigo fazê-las com firmeza, desculpa se destruo suas entranhas. Sempre preferi as cicatrizes às feridas, prefiro cicatrizes à firmeza, à regularidade. Tua pele ta rindo de minha cara, conheço essa maciez, ela está rindo. Repetindo, repetindo, repetindo, o velho texto batido, nosso. Olha, assim, não vale a pena.

bom dia!



ahn...


eu esqueci o que você pediu ontem à noite
é que... não sei explicar muito bem como é
perdia-me e encontrava a cada palavra sua
foi felicidade em ouvir sua voz com a minha
de redescobrir o quanto continuamos juntos
separados por muitos quilômetros de asfalto
noites de insônia, trabalhos, dúvidas, carinho
e montes de caracteres agrupados com amor


acordei tão feliz e a primeira coisa que pensei


bom dia!



domingo, 13 de fevereiro de 2011

Hoje eu sou...

Meu mundo é feito de papéis, papelão, como aquelas peças de quebra-cabeça antigas, algumas úmidas, outras rasgadas. Não há uma imagem pronta no fundo da caixa à qual devo seguir, tudo se torna muito difícil quando não encontramos um padrão. Às vezes os rostos se confundem com meros desenhos infantis, às vezes descubro que todas as peças estão erradas. Sempre que me dedico a descobrir o que sou, percebo que as peças não se encaixam, como se o vermelho não pudesse ficar ao lado do vermelho, nem da peça ensanguentada. Meu mundo, um caça-palavras sem instruções. O sentimento de distância da normalidade já se tornou comum em mim, é tão estranho quando me sinto desumano. Eu sei, eu sou muitos, sou muitas, sou tantas e tantas coisas, e odeio a palavra "coisa", foi sempre o que fui. Nós vivemos de passado, meu bem, vivemos de acontecimentos que nunca se repetirão, nunca se repetiram. É apenas meu passatempo, meu bem, é apenas isso, um passatempo, não conseguirei, meu bem, meu passatempo.

pena



Tentei viver algo grande. Tão grande quanto as suas ambições, mas ainda pequeno para suas mágoas. Você procura amar tudo o que pode ser controlado e essa é a sua desculpa para o tempo. Quando encontra-se com o amor ainda não tem coragem suficiente para encará-lo. Essa sua fraqueza é raiva.

Planejei meus sentimentos e moldei cada um deles para as suas expectativas. Porém, comecei a criar, escondido de mim mesmo, uma pena. Não havia amor. Era, e sempre foi, a sua projeção de amor, a minha pena de acender a luz e o seu ódio por estar ali.

A projeção continua sendo seu norte, a frustração ainda é seu combustível e o medo de ficar no escuro é o seu maior fornecedor. Eu abri a porta, escancarei as janelas, já gritei seu nome e sacudi seu corpo. Tentativa de vida inútil para quem faz questão de continuar morto.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

valsa


dun-lon-lon
eu não sei
dan-lon-lon
da-an-çar

lon-lon-lon
sem sua mão
comigo

dun-lon-lon
eu só sei
dan-lon-lon
cho-o-rar

lon-lon-lon
quando estou
sozinho

a-bra-çar
dun-lon-lon
só-o-rir
dun-lon-lon
é fe-liz
dun-lon-lon

ah-a-mar
ah-sim
lon-lon-lon



segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

tudo. bem. agora.


Já tentei acreditar, mas essa sua caixa vazia não me diz nada. Pode ter sua beleza e espaço para guardar ilusão, mas já não cabe um sonho. Também não cabe um desejo, alegrias ficam desconfortáveis e todas as palavras estão emboladas e já indecifráveis.

Se você prefere fingir que está tudo bem, eu não irei acender as luzes agora. Dorme bem. A minha parte é a saída. O meu amor é despedida.



sábado, 5 de fevereiro de 2011

Salvador, 05 de janeiro de 2015

Vim aqui para te dizer que não há tempo de mudanças, as coisas já se definiram. Não quero mais ver teu rosto se deformando em desculpas, não irei mais acreditar, nem nas verdades. O tempo passa, o tempo é tão forte, como pode passar tão silencioso? Às vezes sinto o tempo em minha pele, me alisando as costas, roubando um pouco de minhas lembranças. Acredito que o tempo vive de lembranças, ele se alimenta delas, me arrisco a afirmar, inclusive, que as melhores lembranças são mais suculentas, o tempo te levou, quase que por inteiro, deixou a parte cansativa. O tempo por vezes se encontra em minhas mãos, momentos em que não quero ter o controle de nada. Agora ficará bem, não precisará mais de esforços, sempre se saiu muito bem aceitando situações pré-definidas. Queria te lembrar que ontem foi meu aniversário, fiquei muito feliz em não ter aparecido.


Terno beijo,
o Teu.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

intocável




solitária gigante
por um dia sonho
em linhas distantes
com o rosto risonho
 seu abraço de antes
nada de fim tristonho
para grandes amantes



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

tentativa



estava tentando dizer que
tentarei dizer que estou
e estive dizendo que tentei
dizer que tentaria estar

estava tentando dizer que
amo você



quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

diz-tão-cia.

mesmo a milhares de quilômetros de distância
a saudade continua bem aqui perto
e faz questão de lembrar-me a cada segundo
como faz falta a sua companhia.



segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Fogaréu


Ela me esperava com o cigarro aceso em mãos, olhos vidrados, a partir de seus olhos eu pude ver que era sim, eu mesmo, o composto químico que lhe fazia revirar o (seu) mundo. Havia um equilíbrio em tudo que lhe penetrava: fumaça, álcool, inseticida, feijão, agulha, olhares. Era como se soubesse dosar cada gota, cada grama do que se aproximava, e, sem fugir, sorria com todos os dentes que um sorriso exige. Não consigo entender, o porquê - Por que Senhor?, diante de tantas e tantas substâncias, compostos, a farmacologia não está avançada como nas reportagens? Muita escuridão toma conta de um momento em que há apenas fumaça. O cigarro queima lentamente, a fumaça toma conta de suas expressões, não imaginava vê-la vestida assim, nua. O cigarro enfim termina, começa então a queimar os dedos, sua pele estava sempre marcada. Ela parece não saber, mas o amor sempre começa falho, gasto, vê-se sempre ele se despedaçando, se tornando acomodação, crença, um almoço de domingo. Está tudo tão escuro, não é possível que ela não perceba o quão fundo estamos indo, ela parada, eu andando. Queria que ela soubesse que eu gostaria de estar sentado ali, em seu lugar, queimando todos os milímetros de minha pele, gostaria que ela tivesse esse meu azar de ver as coisas por um plástico transparente, e confesso que um pouco fosco também, com o risco iminente de queima, de fogo, de lesões irreparáveis. Sua mão suavemente se agita, vejo riscos vermelhos no ar, são suas unhas dançando, caçando vento, curando mais uma queimadura, mas ela já está marcada, continuo andando, ainda muito lentamente, como quem procura um lugar adequado, julgando iluminação, ventilação, visibilidade, acesso, restrições. Mas qualquer pessoa pode ver em meus passos que estou indo para qualquer lugar, meus pés não estão firmes, os passos são esporádicos, meus olhos mal procuram algo. Me sento, ainda vejo seus dedos em brasa, seus olhar fixo na cadeira vazia em sua frente, um personagem mal sucedido de um drama de Hollywood, uma atriz sem roteiro, sem fala, sem instrução. Gostaria que ela soubesse que aquele era um personagem, mas há muita realidade para falar sobre encenações. Meu corpo doía de leve, como em presságio. Seria impossível resistir a ela, isso era claro, seria impossível não reparar em olhos tão nus, me levantei, sem mais encenação apressei o passo com olhos em lágrimas.


foto por: flickr.com/sampaiorodrigo