quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

a pena

De repente cai o nível. Sim, acontece com qualquer pessoa. Eu me sinto um imbecil. É, aquela coisa de disco riscado, estou repetindo tudo que te digo a todo momento e você nem se deu conta que não há mudança nem do tempo verbal. Me deixe, mas largue essa ferida aí, ela é tão velha, me deixe esquecer. O nível parece que nunca vai parar de cair, queria te pedir, de todo meu sentimento, para deixar essa ferida parada, ela precisa ser uma cicatriz, eu amo tanto as cicatrizes, sim, logo eu que não consigo fazê-las com firmeza, desculpa se destruo suas entranhas. Sempre preferi as cicatrizes às feridas, prefiro cicatrizes à firmeza, à regularidade. Tua pele ta rindo de minha cara, conheço essa maciez, ela está rindo. Repetindo, repetindo, repetindo, o velho texto batido, nosso. Olha, assim, não vale a pena.

bom dia!



ahn...


eu esqueci o que você pediu ontem à noite
é que... não sei explicar muito bem como é
perdia-me e encontrava a cada palavra sua
foi felicidade em ouvir sua voz com a minha
de redescobrir o quanto continuamos juntos
separados por muitos quilômetros de asfalto
noites de insônia, trabalhos, dúvidas, carinho
e montes de caracteres agrupados com amor


acordei tão feliz e a primeira coisa que pensei


bom dia!



domingo, 13 de fevereiro de 2011

Hoje eu sou...

Meu mundo é feito de papéis, papelão, como aquelas peças de quebra-cabeça antigas, algumas úmidas, outras rasgadas. Não há uma imagem pronta no fundo da caixa à qual devo seguir, tudo se torna muito difícil quando não encontramos um padrão. Às vezes os rostos se confundem com meros desenhos infantis, às vezes descubro que todas as peças estão erradas. Sempre que me dedico a descobrir o que sou, percebo que as peças não se encaixam, como se o vermelho não pudesse ficar ao lado do vermelho, nem da peça ensanguentada. Meu mundo, um caça-palavras sem instruções. O sentimento de distância da normalidade já se tornou comum em mim, é tão estranho quando me sinto desumano. Eu sei, eu sou muitos, sou muitas, sou tantas e tantas coisas, e odeio a palavra "coisa", foi sempre o que fui. Nós vivemos de passado, meu bem, vivemos de acontecimentos que nunca se repetirão, nunca se repetiram. É apenas meu passatempo, meu bem, é apenas isso, um passatempo, não conseguirei, meu bem, meu passatempo.

pena



Tentei viver algo grande. Tão grande quanto as suas ambições, mas ainda pequeno para suas mágoas. Você procura amar tudo o que pode ser controlado e essa é a sua desculpa para o tempo. Quando encontra-se com o amor ainda não tem coragem suficiente para encará-lo. Essa sua fraqueza é raiva.

Planejei meus sentimentos e moldei cada um deles para as suas expectativas. Porém, comecei a criar, escondido de mim mesmo, uma pena. Não havia amor. Era, e sempre foi, a sua projeção de amor, a minha pena de acender a luz e o seu ódio por estar ali.

A projeção continua sendo seu norte, a frustração ainda é seu combustível e o medo de ficar no escuro é o seu maior fornecedor. Eu abri a porta, escancarei as janelas, já gritei seu nome e sacudi seu corpo. Tentativa de vida inútil para quem faz questão de continuar morto.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

valsa


dun-lon-lon
eu não sei
dan-lon-lon
da-an-çar

lon-lon-lon
sem sua mão
comigo

dun-lon-lon
eu só sei
dan-lon-lon
cho-o-rar

lon-lon-lon
quando estou
sozinho

a-bra-çar
dun-lon-lon
só-o-rir
dun-lon-lon
é fe-liz
dun-lon-lon

ah-a-mar
ah-sim
lon-lon-lon



segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

tudo. bem. agora.


Já tentei acreditar, mas essa sua caixa vazia não me diz nada. Pode ter sua beleza e espaço para guardar ilusão, mas já não cabe um sonho. Também não cabe um desejo, alegrias ficam desconfortáveis e todas as palavras estão emboladas e já indecifráveis.

Se você prefere fingir que está tudo bem, eu não irei acender as luzes agora. Dorme bem. A minha parte é a saída. O meu amor é despedida.



sábado, 5 de fevereiro de 2011

Salvador, 05 de janeiro de 2015

Vim aqui para te dizer que não há tempo de mudanças, as coisas já se definiram. Não quero mais ver teu rosto se deformando em desculpas, não irei mais acreditar, nem nas verdades. O tempo passa, o tempo é tão forte, como pode passar tão silencioso? Às vezes sinto o tempo em minha pele, me alisando as costas, roubando um pouco de minhas lembranças. Acredito que o tempo vive de lembranças, ele se alimenta delas, me arrisco a afirmar, inclusive, que as melhores lembranças são mais suculentas, o tempo te levou, quase que por inteiro, deixou a parte cansativa. O tempo por vezes se encontra em minhas mãos, momentos em que não quero ter o controle de nada. Agora ficará bem, não precisará mais de esforços, sempre se saiu muito bem aceitando situações pré-definidas. Queria te lembrar que ontem foi meu aniversário, fiquei muito feliz em não ter aparecido.


Terno beijo,
o Teu.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

intocável




solitária gigante
por um dia sonho
em linhas distantes
com o rosto risonho
 seu abraço de antes
nada de fim tristonho
para grandes amantes



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

tentativa



estava tentando dizer que
tentarei dizer que estou
e estive dizendo que tentei
dizer que tentaria estar

estava tentando dizer que
amo você