quinta-feira, 24 de junho de 2010

longe

É em toda a distância que te encontro. Deveria sim estar acostumado a estar tão longe de ti, de teu verde. Mas tem costume que não se acostuma, ocorre todo dia e sempre parece estranho e novo. Tento, então, vencer quilômetros e mais quilômetros, a cada metro.
As noites passam em preto, nem uma estrela é capaz de me mostrar um tom de azul, os postes amarelessem as ruas, as fachadas, minha pele. Tua rua parece mais deserta, mesmo quando finjo que tu não mora ali, mesmo quando mora em outro planeta, planeta luz.
Com o tempo as coisas mudam, a saudade cresce, perco a esperança de te abraçar após a janta destes dias sem cor. Planejo alegrias contadas durante os próximos sóis, aprendi a fingir felicidade, é até engraçado. Mas quando acordo e leio a esperança de te ver verbalizada, é amor, festa, devoção.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vozes sóbrias


Vinde vós, sombras do funesto despertar
Que nas brumas setentrionais escondeis vossas formas.
Vós que sepultais os belos e os vaidosos
Narcisos e dissimulados pecadores, mórbidos
Nos lânguidos reflexos de suas almas etéreas.
– Aproxima-vos!
Vedes o manto da decadência desfazendo-se em fábulas
E em mil novas orações forjadas com sangue e pó?


e só


não deve ser tudo isso
apenas estranho, claro
e só.
e além de encontrar
 perigo de conhecer
e só

manter distância, claro
desejar estar próximo
e só
batalhar pelos olhos
pelo tempo, pela voz
e só

 estar com você
e só



quarta-feira, 16 de junho de 2010

vazio (luto)

eu não quero falar sobre nada
e não quero falar sobre isso
queria falar sobre alguma coisa
e pode ser qualquer uma delas
ninguém sabe o que dizer
nem eu sei também direito
essas palavras carregam lágrimas
mas eu preciso falar de algum jeito
porque o silêncio me tortura.

do fundo da alma

Alma... Que alma?
Eu estava vazio.

"Prometa-me que vai realizar todos os nossos sonhos."

Ela nunca percebeu quão grande era o seu desejo. Quando você perde o que mais ama, não lhe restam sonhos ou esperanças.
Tudo são trevas e silêncio. Eu adentrei o trailer excêntrico e organizado, não compreendi por que tudo continuava como estava antes. Olhei pela janela da cozinha, vislumbrei o sol poente. Como era possível que o tempo continuasse passando? Observar as pessoas sorrindo, ouvir o gorjear dos pássaros. O mundo nunca pareceu tão injusto. Toda aquela felicidade perdia o sentido diante da dor que crescia gradativamente em mim.

"Uma última dança."

Nossos lábios se uniram no beijo da morte, mas custei a entender o significado desse gesto. Os dias passavam lentos, as vozes eram sempre iguais, de timbres distantes. Os rostos pálidos espiavam pela janela, os rostos não mais pintados e as flores agora secas. Desenhei meu nome e o dela em todas as paredes, nada acontecia. Percebi que o meu eu estava há
muito morto, e nela enterrado.

- Qual o seu nome, senhor?



''Eu sei e você sabe já que a vida quis assim...''

terça-feira, 15 de junho de 2010

lisarb

wave your flag


Minha pátria não é meu lar
Meu lar não me faz companhia
Meu desejo é menos de cá
Minhas preces estão mais para lá
Mas sob o sol que ilumina o mar
São as cores daqui que ostento no ar

-

segunda-feira, 14 de junho de 2010

doce


cada novo pequeno pedaço que conheço
é uma nova e emocionante surpresa
que eu adoro ter todo dia
te conhecer é doce

sábado, 12 de junho de 2010

Hipérbole

Pó de Estrela, vide.

― Will, olhe para mim, estou terrível.

― Pois eu ainda a vejo como a criatura mais bela do mundo.

― Quanto exagero! Nem com cabelo eu era demasiadamente bela.

― Lise, com ou sem cabelo, você é a mais bela para mim. Sem discussões.

― Por que você é assim?

― Como assim?

― Tão maravilhoso. Fico com raiva, pois não consigo sentir raiva!

― Você é engraçada sem querer, eis o melhor senso de humor que conheço.

― Pare de me elogiar, por favor, diga coisas ruins!

― Quem no mundo pede por ofensas no lugar de elogios?

― Não peço por ofensas, só quero que seja cem por cento honesto.

― E eu sou!

― Stephen, não quero morrer como santa. Quero ser lembrada inclusive pelos defeitos.

― Elise, você não vai morrer! Pare com isso, por favor... Defeitos, defeitos. Odeio a forma como você encara as coisas. Você se importa, mas finge não se importar! Não percebe o quanto tudo isso seria horrível para mim?

― Tudo isso é horrível para você. Essa é a nossa diferença, você tenta se iludir com o melhor, eu com o pior.

― Você é tão má..

― Finalmente um defeito.

― Por que faz isso?

― Por que eu o amo mais que tudo e não quero que a raiva ou a frustração interfira na forma como eu o enxergo agora. Você, Will, é a criatura mais bela do mundo.

― Sinto-me terrível, devia ter percebido antes.


quinta-feira, 10 de junho de 2010

Olho


Vim até aqui só para dizer que amo
preparei-me para este momento
ensaiei cada palavra antes de dormir
escolhi uma roupa bonita e perfume
parti o cabelo para o lado direito
e fiquei cantarolando versos que criei
inquieto procurando sua presença

acho... achei... acha... ah...
minhas mãos mais meus mas
olhos olho óleo ou...

eu fico parado olhando você
solto palavras até, todas escondem
nenhuma disfarça o meu olhar
que até tenta dizer alguma coisa
mas só consegue ver que ama

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Risos



eu não conheço o seu sorriso
mas imagino como pode ser
ele deve ser estranho...
ou por que ficaria assim escondido?
fico pensando em como seria
 já consigo desenhá-lo em todo lugar
não devem ser as cópias mais fiéis
e algumas são bem estranhas até
porém, sempre companheiras do meu riso

foi o jeito que encontrei
para ter o seu sorriso sempre comigo
mesmo sem conhecê-lo
nós já somos velhos amigos