quinta-feira, 30 de julho de 2009

Olha o aviãozinho... [2 de 6]

- Você está bem? Olha, ele está ardendo em febre Sérgio! - virou-se para o comissário de bordo.
- Ei, rapaz, quem te deixou viajar assim, hein?
- Meus tios não me falaram que eu estava doente... eu estou um pouco cansado e mole...
- O que você comeu hoje?
- Você comeu alguma coisa hoje?
- Ai, Sérgio... hum... qual foi a última coisa que você comeu?
- Comi um cachorro-quente no almoço... com batata-frita!
- Palha ou palito?
- Sérgio... que diferença faz? O garoto só comeu um cachorro quente, deve estar com fome!
- Bom... eu não gosto muito de batata palha...
.
- Nem eu gosto muito, é muito seca, sabe?
- Hã? - respondi para o senhor que estava sentado ao meu lado.
- É, meio seca, dura e não tem muito gosto de nada, entende? Prefiro a palito.
- Ah... eu também. Mas gosto de batata palha no cachorro-quente, desde que seja a mais vagabunda possível.
- Ai, jura? Eu também adoro cachorro quente com batata palha peba! É uma délícia! - entrou na conversa a loira que estava acompanhando o senhor do meu lado.
- Sério! Por exemplo... aquela batata palha da Elma Chips não serve para comer com cachorro-quente.
- Pois é! Aliás... aquela batata palha da Elma Chips... não serve para comer com nada, né!
- Ah... eu gosto da Ruffles... mas ainda prefiro batata palito! Da McDonald's de preferência!
- Ruffles é muito salgada... e a batata do McDonald's é covardia, né!
- Nossa, faz muito tempo que eu não como nada no McDonald's... - era verdade, acho que há um ano não comia nada lá.
- Ai, aquilo lá não faz bem... mas é tão bom...
.
- Olha, quer que a tia pegue uma Pepsi para você?
- Pepsi? O garoto já está passando mal...
- Sérgio!
- Tá, pode ser!
- Você tá com fome?
- Uhum!
- Vou pegar um biscoitinho também pra você, tá? Espera um pouquinho.

Olha o aviãozinho... [1 de 6]

O avião não parecia muito cheio... as pessoas estavam concentradas no fundo, não havia ninguém nas duas primeiras fileiras. Eu estava na terceira fila de assentos, lotada por sinal. Um casal dormindo ao meu lado direito e uma mãe com dois pequenos animais incansáveis e curiosos, perguntando por tudo.

Eu preferia ler, mas as luzes apagaram-se e não tinha como acender a porção individual de luz, pois o casal dormindo ao meu lado estava sem óculos escuros, chapéu e até mesmo filtro solar. Ainda tinha a opção dormir, que era muito agradável, afinal, o relógio marcava 3:30h e eu ainda não tinha dormido desde as 8:00h do dia anterior. O silêncio estava agradável, a iluminação perfeita e não me importava de perder o biscoito salgado aperitivo e o cookie bauducco do lanche Gol-Varig - Linhas aéreas (não precisa agradecer).

Faltava-me algo, além de conforto no assento, para dormir. Talvez eu não dispensasse o suquinho de laranja, manga, ou qualquer outro de caixa. Enquanto esperava algo, LittleBoots preenchia meus ouvidos. Até que algo chegou. Era de laranja, tinha uma pedra de gelo enorme, estava quente e aguado. A decepção fez-me pensar novamente em dormir, mas já não conseguiria mais, pois uma onda de burburinho estava chegando até a minha fileira.

"Gripe suína? Sim, ele está gripado! Estava pelando lá no banco de trás. Não, não, está sozinho! Como pode uma coisa dessas? Espero que esse pirralho não esteja mesmo doente, senão ele vai parar na asa do avião. Coitadinho, tão pequeninho. Tão doentinho. Tão abandonadinho. Loirinho e bonitinho. Mas está com a gripe suína! Você quer morrer?" Foi mais ou menos isso que estava chegando junto com o moleque acompanhado da aeromoça, dirigindo-se para a primeira fileira.

sábado, 25 de julho de 2009

diversão é para quem sabe [2 de 2]

Arrepios, choques, que absurdo! Ainda não acreditam como ela fez isso com a melhor amiga... acho que deve ter sido divertido para ela. Esse tempo todo sem andar com nenhum homem e pegando escondido o namorado da melhor amiga... ela deve ter se divertido nesse tempo, valeu a pena aturar a amiga fútil.

Ouviu bem? Ele estava comendo a outra! Sim, ouvi. Deve ter sido intenso enquanto durou o jogo, mas ele foi fraco. Oh, pobre garota inconsolável! O que fazer? Bater com a cabeça na porta? Esmurar a parede? Não! Onde estão os amigos nessa hora? Bom, a sua melhor estava no pátio. Não teve outra, partiu direto para cima e distribuiu-lhe uma série de socos para acalmar-se.

Porém, dizem que a namorada tinha teminado com ele, nada sério, apenas ficando, antes de tudo acontecer. A melhor amiga foi a primeira a saber disso, ela apenas aproveitou os privilégios da informação exclusiva. Criou-se o jogo. As peças andavam e até aí todos divertiam-se um pouco por saber quase a mesma coisa. Ela era a que mais tinha diversão, sabia de tudo. A namorada, ou, agora ex, soube de algo novo, para ela, e resolveu fazer um escândalo, acompanhado de um espancamento para que o jogo fosse ampliado.

Agora todos nós estamos nessa. sabemos de tudo e somos quem está se divertindo mais com essa história toda. Conhecemos tudo, até mais! Vimos até o que não existiu. Este fato não importa. Sabemos e pronto, logo temos o poder e é a nossa vez de jogar o dado!

tirei riso na primeira vez, agora torço para sair gargalhada.

* texto do Baú.

diversão é para quem sabe [1 de 2]

pense em uma história típica de "Malhação"...

Bom, basicamente um casal de namorados e uma melhor amiga da garota. Todos ainda no colegial. As duas bem bonitas e o cara nem tanto assim, pelo que dizem, afinal, não conheço ninguém!

As pessoas falam muito umas das outras! Como eu fiquei sabendo desta história? Ah! Aqueles comentários horrorizados, com direito a debate no final que ouvi hoje à noite... Sim, sim... teve de tudo! Uma era lésbica? Não sei, você sabe? Já a viu com algum homem? Não sei! Eu nunca vi essa garota! Ok... isso não importa.

Elas eram melhores amigas... viviam grudadas! Via as duas juntas em todas as festas... sempre. hã... elas eram melhores amigas ou andavam juntas por conveniência? Não! Andavam sempre juntas, são melhores amigas.

Um dia ela brigou com o namorado, que já não aguentava mais e falou "quer saber? estou comendo sua amiga"! Oh! meu deus! Que absurdo! Menino! Como ela pode fazer isso? Logo com a amiga... não, a melhor amiga! Mas elas são amigas mesmo ou é por conveniência? Que conveniência? Hum... o namorado da amiga, por exemplo.

* texto do Baú.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

"...camila engravidou."

"...camila engravidou", assim fiquei sabendo da procriação do mundo. Os pais não entendiam o acontecido já que "com esforço", assim dizia a mãe dela, "conversei com ela sobre a prevenção, perigo de namorar demais, essas coisas". O pai, inconformado, dizia que estava sendo humilhado "e com u maiúsculo", seu trabalho não era dos que se fica sentado aplicando conhecimentos adquiridos na faculdade, seria impossível- mal sabia ler. Camila não disse quem era o pai, tinha acabado o namoro 11 meses atrás. Quando pariu os "zóin" do avô brilhavam feito esmeralda em um contra-luz de meio dia, esbanjava vida-verde, e a avó ninguém sabe onde está, dizem que recebeu uma carta e enlouqueceu. Hoje não sei de Camila, soube que viajou com o pai para uma roça da família e cuidam de uma horta pequena.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

deu para passar tranquila


Até hoje não entendo como Marina conseguiu passar naquela matéria! Ela nunca foi boa aluna na faculdade. Nunca pode ser meio exagerado, afinal, éramos todos calouros na época. Posso dizer que ela não era boa aluna porque quase nunca estava na sala de aula e em todas as outras matérias ela teve que fazer prova final (mas passou).

Além de má aluna era uma verdadeira porta! Era não, ainda deve estar viva... sei lá! Nunca mais vi depois da festa de formatura. Lembro que ela chegou com um, entrou num canto com o mesmo cara e uma amiga, apareceu com outros dois e no final da festa estava praticamente desmaiada sendo carregada por outros quatro que ela havia acabado de conhecer.

Voltando a falar do primeiro semestre... ela não sabia nada da matéria! O professor também não ensinava muita coisa, só passou alguns textos e ficou jogando umas cantadas para as garotas bonitas, inclusive para Marina. Bem ao estilo "Tio Sukita" terminava com um sorriso garanhão que era sempre respondido por risadinhas coradas de suas boas alunas.

O dia da prova chegou. Foi meio esquisito escrever uma página sobre tudo o que não aprendemos durante o semestre, mas todos terminaram e apenas uns dois disseram ter feito boa prova. Não-sei-quem me disse que Marina foi uma das primeiras a sair e ainda ficou de conversinha com o professor.

Na véspera do resultado, o professor começa a falar para a turma que as provas já estavam corrigidas e ele ficou muito desanimado com o desempenho da turma. Particularmente desapontado com o rendimento de Marina: "Poxa Marina, eu não esperava isso de você... gostaria de conversar com você ao final da aula para saber o que está acontecendo..." Quando saí, ele estava pegando a prova dela que sentou-se na mesa para acompanhar o raciocínio do professor.

Disseram que os dois só foram sair de lá horas depois e ainda ficaram conversando um pouco, mas a prova dela ainda ficou com ele. No dia seguinte foi revelada a tragédia, quase 75% da turma foi para prova final. E o desempenho decepcionante de Marina foi registrado com a nota nove, a mais alta da sala. "Parabéns, Marina! Você demonstrou que aprendeu muito neste semestre, encheu seu professor de orgulho!".

Fiquei satisfeito com meu rendimento suficiente para não fazer prova final. Não foi muito legal para começar o escore, mas fiquei feliz por não ter aprendido tanta coisa quanto Marina neste semestre. Dizem as más línguas que ela aprendeu bastante coisa durante a aula extra particular e soube demonstrar muito bem.

Eu não li a prova dela, então não posso falar muita coisa. Isso foi só o que me contaram.

O quê?


Pequenas histórias do dia-a-dia, daquelas que você já deve ter escutado em algum lugar, mas não lembra quem contou. As pessoas podem ser conhecidas, bem próximas ou meros estranhos. Porém, todas estão ligadas por redes de palavras e afetos construídos e desfeitos em apenas poucos minutos.

Não precisa ter visto tudo, o que não se sabeé só inventa, assim como ao reproduzir uma história você, com certeza, deve adicionar algumas palavras suas nas partes esquecidas. E, não tenha dúvida, as pessoas estão sempre sedentas por novas informações para mastigar, dando-lhes novas formas. Aconselho a não tentar tirá-las da boca do povo, ou provavelmente poderá ser mordido durante o processo.

Não-sei-quem falou é um blog feito (atualmente) por três caras que não se conhecem muito bem. Então, nem nós sabemos direito quem está falando.