sábado, 26 de setembro de 2009

E a pior parte é

Era para ser uma festa. Talvez seja um exagero, era apenas um lançamento de um livro, a palavra apropriada seria um coquetel. Mesmo assim, alegria poderia ser uma palavra comum às duas, ou pelo menos deveria ser dessa maneira.

Um encontro, coquetel, festinha ou qualquer coisa assim. As pessoas precisavam de alguma distração para não passar o tempo apenas olhando para o chão ou para alguma outra pessoa sem nada para dizer além de "olá", "tudo bem". Bem distante de um "Happy Hour", ou qualquer coisa "happy" com certeza. A autora era um pequeno barril de orgulho ferido, mas recusava-se a acreditar nisso. Era uma elegante e "hype" autora de um "best-seller".

Ela circulava pelo pequeno salão procurando pessoas para comprar seu livro fadado ao fracasso. As pessoas ali não poderiam apenas comer, certo? Oras, ela estava dando comida e bebida boa (porém escassa), logo, esses comilões deveriam comprar seu livro! Afinal, era o lançamento e havia um preço promocional (com uma diferença pífia).

Havia uma bonita e gentil senhora vendendo os livros (tentando e aceitava até Hipercard!), um rápido garçom servindo, um senhor tocando guitarra, cantando em um microfone abafado e um simpático fotógrafo distribuindo flashes por lugares estranhos. As pessoas estavam tímidas com as fotos, envergonhadas de correr atrás do garçom, cansadas de ouvir algo que soava como a mesma música e irritadas por terem que interagir com todo aquele povo chato.

Sou o sobrinho da gentil senhora que vende os livros. Estou afundando aqui nesta cadeira plástica e dura (escorregando, porque qualquer coisa que afundasse provocaria, no mínimo uma rachadura neste material desconfortável).

E a pior parte é que essa grande autora tem esperança mesmo de vender seus livros até a última pessoa ir embora. Ela deveria desistir disso, eu serei um dos últimos e com certeza não comprarei esse fiasco.

8 comentários:

  1. IUAHSIUAHSIUAHS...
    bOA a História...
    E pra que escreve é até um pouco desesperadora, a situação em que a senhora esteve submetida...
    Adorei o bloog e não somente esta história mais outras mais..

    Bejo e sucesso :*

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  2. Ah gostei bastante.
    Fato é que esses eventos de venda de livros são bem desprazerosos e a maioria bota um sorriso falso no rosto só esperando a hora de ir embora.
    Livros são bons, tem gente que tem o dom deescrever, mas sempre existiram livros melhores.
    Humildade tbm é uma caracteristica essencial para se ser um bom escritor.
    Enfim, saudades daqui!

    Grande beijo

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  3. É dificil julgar a obra de alguem, as vezes não foi do nosso gosto...
    Porém há coisas que não faz parte do gosto de ninguem...
    Mas vai saber!
    Abraço!

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  4. Situação tensa, mas é verdade q sempre tem sorrisos e elogios mto falsos nessa hora...rs

    Passa lá e comenta tb:
    http://caopelado.blogspot.com/

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  5. Odeio esses eventos, e são sempre a mesma coisa, seja pra lançar livro ou pra premiar cientista. Mas ficou muito bem escrito, consegui ver a cena direitinho.

    Aghora, PQP abanando o rabo with lazers, até que enfim encontrei um blog em blogspot com um layout legal, clean, e com conteúdo relevante.

    Um abração, e quando puder, passa lá no http://niltinho.com/blog

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  6. Manual para o lançamento do livro ser um sucesso:

    Lembre-se sempre de disponibilizar mais bebida do que comida, por motivos óbvios que dispensam explicações. Não decore o ambiente com cadieras ou sofás. Quanto mais gente em pé, mais movimentado parece ter o ambiente. Leve seu celular com joguinhos de tetris e derivados. Também não esqueça de oferecer drogas, calculadamente colocadas nos salgadinhos. E por último, mas não menos importante, convidar pessoas que se odeiam mortalmente. Um barraco é o que você precisa para sair na primeira página dos tablóides. De preferência, ofereça um canivete discreto a uma das pessoas envolvida na briga.

    Um beijo e boa sorte.

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  7. isso me lembra a época em que eu trabalhava na Gazeta do Tatuapé. eu era a fotógrafa simpatica! rs

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