terça-feira, 29 de setembro de 2009

A aula

A professora fazia a chamada na sala de aula quando percebeu que um terço da turma não se encontrava. Ficou curiosa, especialmente porque metade desta turma estava indo mal na sua matéria e a prova final do semestre aconteceria em três dias. Primeiro pensou na possibilidade de seus alunos estarem estudando em casa e por isso aquele vazio, aquele silêncio, depois lembrou que não seria cabível tal comportamento visto que a aula era de revisão, eles haviam pedido a aula, pensou que poderia ser um plano para não perder conteúno, se ofendeu. Atormentada pela curiosidade inventou de repente uma atividade de sala e disse que estava com dor de cabeça, precisava tomar remédio. Chegou na secretaria, pediu água e um comprimido, ficou esperando até que a secretária saísse para conseguir o número de alguns alunos que não estavam na sala. Ligou para sete números e obteve a mesma resposta "'Fulano' está no colégio, ainda são 8 horas, quem gostaria?". Sua curiosidade aumentou, aumentou e explodiu quando notou que seu aluno preferido fazia parte desses alunos de paradeiro desconhecido. Aconteceu a prova, dois feriados seguidos, e dias depois a sala estava como de costume: completa, nenhuma cadeira vazia. Ainda consumida pela curiosidade, não sabia se a sala estava completa de fato, sentia um vazio, passou uma atividade, queria que os alunos divagassem abertamente sobre "o que fariam em uma manhã se não pudessem ser descobertos". Os alunos falaram de coisas banais, exceto um rapaz que compartilhou suas fantasias sexuais, entretanto ela nem ouviu, afinal ele estava naquela aula de revisão. No fim da aula ela nada sabia, assim como nunca soube, e os alunos continuaram indo para as suas aulas como se nada houvesse acontecido, cada um (dos 'desaparecidos') com uma falta na caderneta.

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