domingo, 23 de agosto de 2009

alguma fama

O batom borrado nunca fora fonte de informação, afinal era rosa e não vermelho-sangue. Seu vestido rasgado em lugares estranhos, como cintura e ombro, fazia as pessoas comentarem, inventarem. Ela não era um corpo sem nome, era conhecida, as pessoas sabiam seu sobrenome e seu vestido era de alta costura, desdizendo sua aparente imagem de desleixada. Seu cabelo jamais seria fonte de informação, assim como o batom, pois era cacheado e não precisava de arrumação rebuscada, era sóbrio e belo, independia do que acontecera previamente.

Seu rosto parecia mais torneado que o próprio corpo, a pele não era mácia, não era transparente, não era muita coisa convencional, era morena como quem frequenta a praia pela manhã para caminhadas, apesar de não frenquentar a praia enquanto o sol reinava. Parecia gostar do sol, apesar de nunca ter sido publicada nenhuma anotação a respeito, sempre falava do reflexo da lua nas águas do atlântico, dizia em algumas entrevistas que podia ver o mundo inteiro de sua varanda, onde hibernava no inverno. Diziam que se encontrava na reabilitação, nos invernos, até que surgiram fotos suas vendo filme em um agosto chuvoso e os novos rumores surgiram. Algumas pessoas viviam para tentar saber de todas-as-coisas de sua vida, não era estrela de cinema, não era cantora, não era apresentadora, ou vivente de qualquer outra badalação, era artista de casa e não sabia atribuir valores a suas obras.

Sua naturalidade em ser espantava os raros fotografos que se dedicavam a registrá-la, não era a artista do ano, nem nunca fora indicada. Se achava tão comum a ponto de estranhar seu nome em algumas revistas, estranhava as mentiras espalhadas e as suas "peculiaridades" expostas nos rodapés das revistas. Um dia, em uma coluna que lhe fora oferecida em uma revista de moda, escreveu: "Não uso maquiagem, não uso cremes, apenas vivo o que vivo, uso o que necessito usar, o que me dão, o que chega até mim, não sou nada além de pó, um pó que sente algumas coisas estranhas e deságua em barro, pedra, pano, papel, notas sonoras e momentos de isolamento." Ao ser publicada a revista, sua coluna não aparecia, "erro na edição", mas ela nunca soube, não compraria uma revista de moda, isso ela disse em outra entrevista, e ninguém sabe se ela era assim mesmo.

Um comentário:

  1. Hum... Muita coisa pra falar nesse comentário. (Pausa) Mentira, são poucas.
    Primeiro: ahá, achou que eu tinha esquecido daqui e que nem lembrava do "não-sei-quem-disse" /brinquei. Pois então, longe disso. A faculdade me tomou toodo o tempo, e mais um pouco, essas duas semanas. Mas, mesmo assim, eu ja sabia das suas atualizações (menos dessa) tanto que ja li "O Casamento" e, bom, faça das minhas palavras no "Olha o avisazinho" validas pro post, tbm. Quanto ao de hoje... sério, eu não sei se foi a "auto-identificação", se foi a chuva que decidiu milagrosamente cair aqui em Goiania, hoje, ou se foi a música que eu ouvi enquanto lia... Mas foi bom. (Sério, releia o seu texto - nossa, quem sou eu pra mandar isso? - ouvindo isso http://www.youtube.com/watch?v=J3VXKQiijCg :x)
    De qualquer maneira: Belo. E eu gostei, mais uma vez. (Prefiro guardar os comentarios mais voltados pra obra... pra mim :x)

    Ah, eu fiz uma produção visual la no blog, e acho (espero estar certo, senão estou louco) que você é dessa área, ai de puder dar umas opiniões :B Bom, boa noite ae (:

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