- Amor, não vamos continuar brigando aqui, por favor... O que as pessoas devem estar pensando?
- Não sei... mas... eu não estou brigando com você!
- Não?
Não? Eu estava quase chegando ao meu assento e ainda escutava o falatório dos dois. Não estavam brigando? Seria ótimo!
- Claro que não. Eu nem estou falando com você!
- Ah... mas Am... tá bom. Eu também não estou falando com você!
- Ótimo! Cala a boca então, porque eu quero dormir!
- Eu vou ficar quieto mesmo, porque eu não sou desses malucos que fica falando sozinho!
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Madrugada, quatro horas... eu estava com sono também. A família ao meu lado estava toda dormindo, o fogo daqueles pestinhas finalmente apagou-se e a mãe, coitada, também caiu no sono. O pequeno garoto doente parecia ter dormido também. A luz individual de Ed estava acesa. Talvez estivesse lendo, dormindo, ou pensando em qualquer coisa. Não deveria estar comendo seu cookie Bauducco, não havia barulho.
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Alguns sussurros e roncos. O fundo do avião continuava vivo. O comissário e a aeromoça já não apareciam mais na região dos primeiros assentos. Todos os problemas foram resolvidos.
O filho tinha voltado para selar a paz entre os pais, que nada falavam. Apenas dormiam, enquanto suas mãos entrelaçavam-se na divisória entre assentos, ou encosto para braço. Uma cena muito bonita e romântica. Poderia ser desfeita apenas por um olhar observador para o braço dele, que estava por cima e cheio de marcas vermelhas e arranhões de unhas bem afiadas. Encostos de braços são ótimos para brigas silenciosas.
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Ninguém vê essas coisas. Detalhes da realidade são muito chatos. É muito mais interessante, rápido, confortável e útil continuar acreditando no que nossa cabeça quer.
Sério, eu queria mais D: (Ok, não precisava ser até o 23, mas o 9 bem que podia sair :D)
ResponderExcluirEu não vou falar que essa última parte foi a linha que faltava no bordado, porque na verdade eu ja comecei a ter uma visão do "avião todo" no texto 4 :x E ainda mantenho minha opinião sobre seu ser cronista :D Invejável. :x