sexta-feira, 21 de maio de 2010

answer, interrupted



Eu agora estou num lugar onde cegos não podem ver. Desfruto do olhar de mil faces, tristes ou contentes, contemplando minha dádiva de ser - peça transparente. Vivo das flores secas de ídolos mortos, respiro o ar estival sentindo o sopro gélido adentrar-me os pulmões - sem me importar se é ou não real. Meus olhos vislumbram o mundo em preto e branco, mas o azul que se reflete no espelho é menos mistério, mais lágrimas e desencanto. Sou um esboço de quem deveria ser, como um livro aberto ao mundo sem nada escrito que se possa ler. Eu agora estou num lugar onde luz e trevas se misturam. Sendo as trevas a tua ausência, e a luz a tua ânsia.

ynitsed

4 comentários:

  1. Na leitura transportamos-nos ao nosso mundo. Vivenciamos cada palavra lida. Naquele momento somos um defunto autor, somos uma india de labios de mel, somos um vampiro que ama. E só vivenciamos porque fazemos parte desse mundo, em que se cria o que muitas vezes é incrivel.

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  2. Eu costumava vê-lo como alguém diferente. Achei que ele fosse amante da própria imagem. É a minha mania de criar estereótipos. Mas ele é tão profundo e vai bem aonde ninguém alcança.

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  3. Eu adorei o post, Jess! *-* Acho que trata com cautela e poesia as questões do sentimento e as do eu que as sente. Ótima escolha de figura.

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