quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Rascunho limpo



Não. Estava. Só.
Só estou. Com você.

Um comentário:

  1. Diálogo

    A: Você é meu companheiro.
    B: Hein?
    A: Você é meu companheiro, eu disse
    B: O quê?
    A: Eu disse que você é meu companheiro.
    B: O que é que você quer dizer com isso?
    A: Eu quero dizer que você é meu companheiro, Só isso.
    B: Tem alguma coisa atrás, eu sinto.
    A: Não. Não tem nada. Deixa de ser paranóico.
    B: Não é disso que estou falando.
    A: Você está falando do quê, então?
    B: Estou falando disso que você falou agora.
    A: Ah, sei. Que eu sou teu companheiro.
    B: Não, não foi assim: que eu sou teu companheiro.
    A: Você também sente?
    B: O quê?
    A: Que você é meu companheiro?
    B: Não me confunda. Tem alguma coisa atrás, eu sei.
    A: Atrás do companheiro?
    B: È.
    A: Não.
    B: Você não sente?
    A: Que você é meu companheiro? Sinto, sim. Claro que eu sinto. E você, não?
    B: Não. Não é isso. Não é assim.
    A: Você não quer que seja isso assim?
    B: Não é que eu não queira: é que não é.
    A: Não me confunda, por favor, não me confunda. No começo era claro.
    B: Agora não?
    A: Agora sim. Você quer?
    B: O quê?
    A: Ser meu companheiro.
    B: Ser teu companheiro?
    A: È.
    B: Companheiro?
    A: Sim.
    B: Eu não sei. Por favor não me confunda. No começo era claro. Tem alguma coisa atrás, voc~e não vê?
    A: eu vejo. Eu quero.
    B: O quê?
    A: Que você seja meu companheiro.
    B: Hein?
    A: Eu quero que você seja meu companheiro, eu disse.
    B: O quê?
    A: Eu disse que eu quero que você seja meu companheiro.
    B: Você disse?
    A: Eu disse?
    B: Não, não foi assim: eu disse.
    A: O quê?
    B: Você é meu companheiro.
    A: Hein?
    (ad infinitum)

    Caio Fernando de Abreu

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