domingo, 13 de fevereiro de 2011

Hoje eu sou...

Meu mundo é feito de papéis, papelão, como aquelas peças de quebra-cabeça antigas, algumas úmidas, outras rasgadas. Não há uma imagem pronta no fundo da caixa à qual devo seguir, tudo se torna muito difícil quando não encontramos um padrão. Às vezes os rostos se confundem com meros desenhos infantis, às vezes descubro que todas as peças estão erradas. Sempre que me dedico a descobrir o que sou, percebo que as peças não se encaixam, como se o vermelho não pudesse ficar ao lado do vermelho, nem da peça ensanguentada. Meu mundo, um caça-palavras sem instruções. O sentimento de distância da normalidade já se tornou comum em mim, é tão estranho quando me sinto desumano. Eu sei, eu sou muitos, sou muitas, sou tantas e tantas coisas, e odeio a palavra "coisa", foi sempre o que fui. Nós vivemos de passado, meu bem, vivemos de acontecimentos que nunca se repetirão, nunca se repetiram. É apenas meu passatempo, meu bem, é apenas isso, um passatempo, não conseguirei, meu bem, meu passatempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário