(texto do blog ocappello - 31/05/09)
quinta-feira, 29 de abril de 2010
pegadas em um caminho de nãos
(texto do blog ocappello - 31/05/09)
domingo, 25 de abril de 2010
queimar-se!
Era preciso queimar-se com fogo.
Deixar-se arder nas chamas
do vermelho, do rubro, do escarlate
Fazer-se sucumbir aos desígnios
da paixão, do vício, do enganar-te
Mergulhar nas cinzas da aurora,
De outro mundo, de outra alma apoderar-se
Vislumbrar um ou dois sorrisos,
Quantos lábios, quantas vidas (mais amastes!)
Da fumaça que anuncia, do mapa que te guia
No pranto aquiescer, nos braços ludibriar-se
Três palavras, vinte lágrimas, cem alegrias
Um amor, um gesto, um apaixonar-se
Queimar? No fogo de amar-te!
Imagem by Jess.sábado, 24 de abril de 2010
sexta-feira, 23 de abril de 2010
é preciso muito mais do que fogo
não finja com o não,
posto que o não é desdizer o sim.
e para dizer sim,
se diz exatamente o sim.
Sim, fogo nos pés,
fogo baixo, morno,
fogo que queime com ardor,
arrepio.
as bocas, vermelhas,
pedem fogo,
pedem outras bocas vermelhas,
suplicam queimaduras indolores.
as bocas, que tudo fazem, no íntimo
não sentem, não pensam, Não são
bocas em si:
pedaços vermelhos do mundo.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
era preciso fogo
tudo dentro do sótão,
e o que sobrou no porão.
Pilhas de palavras,
Sacolas de gestos,
pacotes de saliva.
Litros de futuro...
Concordamos em esquecer-mo-nos
partimos sem despedida
como se fosse um acaso
tinhamos certeza
De que não vai chover,
E o porão não vai inundar.
De que não vai fazer muito sol,
E as malas no sótão não vão se aquecer.
E assim a cidade segue sem saber o que deixamos escondido
Continuas seus caminhos de freio e acelerador
E eu com os pés nas calçadas sujas do centro
Ouvimos outras musicas
Falamos outras línguas
Perdemos outras vontades
Mais ainda corremos o risco
Disso tudo vir a tona
Na próxima chuva ou verão
Se tínhamos assim tanta certeza
Porque não ateamos fogo
Pra que não sobrasse mais nada?
quarta-feira, 21 de abril de 2010
pe(r)dido
domingo, 18 de abril de 2010
infância (parte 2)
_Mãe, mãe?
_Oi filho? Porque já está acordado? Hoje é sábado, você não tem aula, durma mais um pouco e me deixe trabalhar aqui.
_Mas estou sem sono mãe, quero comer, estou com fome.
Comeu, ficou cheio e quando estava prestes a transbordar se deitou vendo televisão, mas não estava prestando atenção no desenho, só conseguia pensar na alegria de estar ali, em pleno sábado de manhã sem compromisso, sem um chefe para aturar, e com o café da manhã nas mãos, sem precisar lavar os pratos depois.
_Mãe, quero brincar na rua. Não quero mais ver esse desenho!
_Filho, tá muito cedo, não tem nenhuma criança na rua...
_Não tem problema, eu vou na casa do Pedro e chamo ele!
_Não! Isso não é hora de incomodar os outros, fique ai na sala quietinho ou volte a dormir.
_Mas mã...
_Filho, eu disse não.
Quando percebeu que não havia diálogo começou a se questionar o quão bom era ser criança, mas logo comparou esperar algumas horas deitado com ter que trabalhar sabado de madrugada, se sentiu feliz por fim, e dormiu no sofá.
_Acorda menino! O almoço está quase pronto e não tomou banho ainda. Corre pro banho, e lava essas orelhas direito, nada de deixar shampoo no cabelo porque dá caspa e nada de ficar brincando no chuveiro, acabei de lavar o banheiro.
_Ah mãe, mas eu quero ir pra rua antes de tomar banho!
_Você só vai brincar com seus amigos pela tarde. Vamos, vamos, adianta! Levanta desse sofá e vai tomar banho. Ah crianças... Seu pai daqui a pouco chega e te encontra ai nesse estado, e vai dizer que não sei cuidar de minha casa.
Tanta autoridade já começava a irritar o pequenino homem, em outros tempos ele faria o que quisesse, contudo teria que pagar contas, já não sabia se era melhor obedecer uma pessoa o tempo inteiro ou obedecer apenas no trabalho, algumas horas por dia. Se chateou e foi tomar banho, mas não sem antes chutar metade dos móveis e machucar o dedo.
_Pronto mãe, tomei banho, agora posso ir na casa do Pedro?
_Não filho, o almoço sai em 20 minutos, e não é hora de sair pela casa dos outros. Filho! O que foi isso no seu dedo? É sangue?
_É mãe, chutei a quina da mesinha.
_Own filho, porque não me disse para eu colocar remédio? Doeu muito? Venha cá para eu dar um beijinho! Você nem chorou, tá um homemzinho mesmo em! Sangrou muito? Tá doendo agora? Porque tá fazendo essa carinha? Ta doendo, tá?
_Mãe, foi só um cortezinho, vou ver televisão.
_Não, não foi só um cortezinho, venha fazer um curativo, venha cá... Jajá vai ficar bom, tá? Tem curativo dos carrinhos no armário, um instante, vou pegar!
Ele se sentia cuidado, super-protegido, se sentia feliz, apesar dos pesares. Logo seu pai chegou, reclamou do trabalho e se sentou na mesa reclamando da comida. O almoço foi servido e, graças ao corte, o garoto não teve que comer tudo do prato, apesar do argumento "tem que comer tudo para ficar fortinho".
sexta-feira, 16 de abril de 2010
domingo, 11 de abril de 2010
Inversão
O mundo girava sempre no mesmo sentido, até que alguém decidiu invertê-lo. As luzes já não mais brilhavam, se quer iluminavam. As melodias eram todas mudas, as pessoas sempre surdas. As cores se misturavam de tal modo que tudo se tornara branco. Os pássaros não cantavam com a presença da manhã, mas com o prenúncio do anoitecer. Os cardumes não nadavam mais unidos, somente separados, nem se quer cardumes ainda podiam ser.
O
m u n d o
e s t a v a
t o d o
i n v e r t i d o.
As pessoas não se gostavam, se suportavam. Paz não era um ideal de felicidade, porém, guerra era símile de natureza humana. Os ursos não caçavam no verão, mas furtavam alimentos na primavera. As chuvas não mais sinalizavam a fertilidade, talvez o seu oposto, não mais traziam esperança, traziam mortes. A própria morte passou a ser não uma consequência da vida, mas um sonho inalcançável. O sonho da morte? A morte da vida. Estaríamos vivendo num mundo invertido sem saber? Mas quem o inverteu? E quem irá [des]invertê-lo? Você? Eu?
Se ao menos acreditassem em nós.
Heartime
terça-feira, 6 de abril de 2010
Desculpa, mãe.
______________cor
_________________re
pela mão, me desculpe,
não consigo segurá-
lo.
Sinto que ele e
___________s
____________c
_____________o
______________r
_______________r
________________e
pelo meu corpo todo,
em enxurrada,
não dá para segurar
uma-gota-sequer.
E se uma gota seguro
perco de ver
o rio
que passa
por mim.
Eu espero
Meu remédio
segunda-feira, 5 de abril de 2010
SOLID/ILUS/AO
- Quão fundo, senhorita?
- Só depende do que não desejas ver.
Imagem by Jess.