o ano começou, nada se sentiu novamente na contagem regressiva. cada vez mais se firmava a
idéia do
reveillon como uma bela desculpa para fazer uma festa, ficar tonto, perder a noite, sorrir sem dentes. mas agora ele não estava só, algo parecia diferente, sentia a promessa de um ano próspero, um ano muito bem acompanhado, um ano no qual os dias começariam com sorrisos gratuitos e terminariam em sorrisos cansados.
sim, sabia que era um chato e inoportuno rapaz, sabia também o que dizia, poucas vezes fez comentários e se arrependeu, justamente por ter cuidado, por querer cuidar. conhecia poucas pessoas, não
selecionava, apenas eram poucas as que cultivava com vontade. e, claro, se esforçava em cultivar suas
plantinhas.
as datas
comemorativas de um modo geral passaram a se firmar como belas desculpas, as vezes até mentiras. continuava comemorando. algumas datas eram comemoradas por desejo de festa, outras por vontade de quebrar a rotina, outras não eram comemoradas, outras, outras, outras.
na preguiça se esticava como se acreditasse que pudesse crescer indefinidamente, vontade escondida de abraçar o mundo, sono pela manhã, olhos leves, andar firme.
com alguns problemas agonias confusões, ele passou a declarar em versos e prosas as coisas que sentia, que sente.