quarta-feira, 5 de maio de 2010

infância (parte 3)

"O tempo passa, a criança atrofia.
Pequeno feijão, sem água, cresce deformando o meio, quando não se deforma por completo. Criança que é criança não tem opinião, voz, vontade. Criança tem choro, dengo, mimo.
Criança cresce, incha, toma conta do mundo. Criança cresce tanto que se perde, rasga o corpo pequeno e vira dono de máquina, engole tudo que vê.
E quem já nasceu gigante? Eu não sei. Mas não entendo, se todos já foram crianças, se já recebeu um não quando quis chocolate antes do almoço, se tudo já ocorreu, se o mundo se sustentou, se houve lágrimas, é muito drama.
Na minha cabeça não tem espaço para essas coisas. Sempre fui uma criança exemplar, mas precisei de alguns livros para poder dizer hoje que não gostaria de voltar no tempo. Quem gostaria de ser criança normalmente só se lembra de não ter contas a pagar, livros enormes para estudar, esquecendo que quando criança só queria poder dormir mais tarde e ficar um dia comendo doce. Puts, escrevi um texto de auto-ajuda. Se puderem entreguem para o pai e mãe mais próximos, ou usem."





E foi isso que o rapaz disse, após recrescer, após repassar pela infância. Principalmente após crescer, já crescido, mas pequeno. Uma capa compacta que muda o mundo.


fim.

3 comentários:

  1. Quando cresce a maioria deseja voltar a ser criança, mas se esquece de como realmente era sê-lo, do contrário saberia como lidar com elas.

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  2. é de um livro?
    "Quando eu voltar a ser criança"

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